Análise do filme Mr Holland - Adorável Professor


Mr. Holland - Adorável Professor
Um homem que quer compor uma sinfonia trabalha como professor para sustentar a família. Ao descobrir que seu filho nascera surdo, sofre e decide organizar um concerto para deficientes auditivos.

Resenha do filme Mr Holland Mr Holland - Adorável Professor

Este trabalho é uma análise do filme Mr Holland - Adorável Professor, relacionando com princípios pedagógicos de alguns autores, buscando ressaltar a importância do papel do educador frente às novas realidades.
Os novos rumos da sociedade exigem do educador novas posturas, o retomar constante de sua prática pedagógica e um olhar amoroso diante das dificuldades do educando. O personagem durante sua trajetória enfrenta os desafios no qual passam grande parte dos educadores e demonstra que é possível, mesmo diante das adversidades do dia-a-dia desenvolver um trabalho comprometido, preparando seus alunos para o pleno exercício da cidadania.


O cotidiano da sala de aula: Implicações metodológicas


1) Quando Gramsci destaca: “Todos os homens são intelectuais” mas, em se tratando do professor, pelo que imprime o caráter da profissão, esta dimensão terá de ir além, tornando-o não só intelectual, mas intelectual transformador. E como tal sua ação será a de intervir no processo educacional, provocando o surgimento de uma sociedade para novos tempos.
Esta mensagem aparece clara no filme no momento que o professor inicia sua jornada desmotivado, sem clareza de qual seria seu real papel dentro da educação, sem objetivos definidos para o seu trabalho e sem o prazer no ato de ensinar. Mr, Holland deparasse com o desafio de uma turma apática, igualmente desmotivada e com uma instituição extremamente tradicional. Nosso personagem, não só muda sua postura pedagógica, como também contribui para o crescimento do trabalho pedagógico da escola.
A educação atual deve acompanhar as mudanças da sociedade, exigindo do educador uma nova postura frente ao trabalho, não é uma tarefa fácil, porém gratificante enriquecendo-o pessoal e profissionalmente.

2) Barbosa (1997) afirma que: A procura obsessiva pelas certezas a que o educador foi submetido durante séculos, alimentada pelo cartesianismo, pela ciência clássica e pela mentalidade tecnológica, realmente está chegando ao fim.
No filme o professor ao conhecer a realidade de sua turma, vivendo o cotidiano da sala de aula, percebe que não está atingindo seus objetivos e muda sua metodologia. Assim, dá abertura ao diálogo, investigando o gosto musical de seus alunos, partindo da realidade dos mesmos, o ambiente da sala de aula torna-se prazeroso tanto para ele quanto para a turma.
É necessário que o educador abandone seus princípio e práticas tidas como certas, dando espaço a outras que mais desafiem a educação contemporânea.

3) De acordo com Perrenoid (1999): “O educador, hoje, mais preocupado em desenvolver competências que habilidades, centra sua atuação na pedagogia das diferenças”.
No filme a questão das diferenças aparece de forma mais marcante na dolorosa experiência do personagem que se depara com a chegada do filho Cole, que possui deficiência auditiva. Mr Holland, de forma inconsciente, da questão da limitação de seu filho, refugiando-se em seu trabalho de educador, surgem os conflitos com a esposa, com o filho e consigo mesmo.
Aos poucos o papel de pai é assumido de forma plena ao encarar essa realidade, percebe que o filho possui imensas riquezas a serem exploradas, consciente de sua função como pai e educador auxilia no seu crescimento como indivíduo.
Como educador passa a trabalhar com alunos surdos, o que lhe enriquece mais como profissional. Certamente a questão da inclusão é um dos maiores desafios da educação atual, exigindo das famílias e educadores uma nova atitude frente às diferenças.

4) De acordo com Demo (1991 e 1998): A aprendizagem construtiva é aquela marcada pela relação de sujeitos e que tem como fulcro principal o desafio de aprender, mais que ensinar, com a presença do professor como mediador do processo.
Mr Holland procura conhecer a realidade de seus alunos, despertar seus interesses através de atividades diversas, percebendo cada aluno como um ser único. Seu trabalho incluía a construção de valores, trabalhando o coletivo onde o saber era compartilhado e as vitórias individuais comemoradas pelo grupo.

5) Conforme Freire (1997), em sua pequena grande obra Pedagogia da Autonomia, o educador encontra sua identidade pessoal e profissional, oferecendo através desta, a verdadeira dimensão da complexidade desse ato, que vale a pena serem estudados e vivenciados no cotidiano de sala de aula.
Mr Holland trilhou sua trajetória de educador enfrentando desafios, tanto em relação às dificuldades da escola e com os alunos, quanto de caráter interno. O personagem contribui para o enriquecimento do grupo de professores e alunos, trabalhando de forma interdisciplinar, desenvolvendo projetos coletivos, crescendo como pessoa e como profissional. Eis o grande desafio do educador: preparar seus alunos para a vida, formar indivíduos capazes de agir e transformar a realidade em que vivem.


A investigação no contexto da sala de aula: Falando Educador e Educando.

1) Conforme Romão (2001, pg 93): A partir do erro na prática escolar, desenvolveu-se e reforça-se no educando uma compreensão culposa da vida. A concepção do erro trai uma visão de mundo autoritária. Os padrões geram um verdadeiro arsenal de punições, cujo efeito maléfico é o desgaste da vontade de aprender, da motivação e, no limite, o assassinato da auto-estima do avaliado.
Esta mensagem aparece clara na cena do personagem da aluna, que não consegue tocar flauta, pedindo aulas extras, fora do horário. É uma aluna esforçada, mas com muitas dificuldades e um sério problema de baixa auto-estima. A personagem se sente culpada por não alcançar os objetivos, compara-se com os membros de sua família, onde cada um tem um talento e quer desistir da aprendizagem. Entra aí a importância do professor que retoma sua prática, buscando outras alternativas para ensinar o uso do instrumento musical, reforçando que a aluna tem condições e vibrando com as conquistas da mesma.
A avaliação além de um instrumento de verificação da aprendizagem do aluno deve ter como grande objetivo para o educador a revisão de sua prática pedagógica, permitindo ao mesmo uma constante auto-avaliação.

2) Hofmann (1993) faz o seguinte questionamento: Porque o aluno não aprende? Talvez seja a partir desta pergunta que devemos iniciar a busca pelo sucesso escolar. Quem sabe ele não esteja, justamente na reflexão e na compreensão de como o educando aprende. Determinadas práticas escolares que insistem em permanecer no universo educacional – práticas arcaicas, tradicionais e excludentes – devem ser motivo de uma análise rigorosa por parte de todo o educador ou profissional da educação.
Mr Holland iniciou seu trabalho desmotivado com sua tarefa de educador, mas teve sensibilidade para perceber que seus métodos não atingiam seus alunos, que o currículo desenvolvido na escola a anos não atendia as necessidades dessa clientela.
Nosso personagem com o sucesso de suas aulas contagia seus colegas, mudando totalmente o rumo da educação naquela instituição educacional, que insistia em métodos tradicionais e excludentes.Fica claro na mensagem do filme que ainda é possível transformar o ambiente escolar em um lugar agradável e rico, onde educador e educando cresçam com essa convivência .

3) Conforme Piaget a aprendizagem, na Teoria do Conhecimento, se dá através do equilíbrio - estabilidade provisória e do desequilíbrio – avanço do funcionamento intelectual. Na visão de Piaget, aprender não consiste somente em incorporar informações já construídas, e sim, redescobri-las e reinventá-las, através da própria atividade do sujeito. Professor Holland foi muito além do mero transmissor de conhecimentos, tornou o ambiente de sala de aula um lugar acolhedor onde juntos aluno e professor redescobriam o conhecimento através de atividades envolventes e enriquecedoras. Através de situações problemáticas, questionamentos e a revisão constante de sua metodologia. Mr Holland foi o ponto de partida para a inovação das práticas pedagógicas na instituição na qual trabalhava.

4) De acordo com Gandin, a função da escola e do professor, precisa ser reavaliada e reformulada. Essa mudança de postura e mentalidade deve apontar para o caminho da solidariedade e humanização do ensino e da avaliação, de forma competente e com ação responsável e afetiva dos educadores. No filme essa mensagem aparece constantemente na prática pedagógica do professor, que através dos resultados de suas provas, do baixo rendimento de sua turma, buscou novos caminhos, transformando suas aulas em uma verdadeira lição de vida pra todos.


5) Conforme Vasconcelos (1998) a escola deveria estar ligada à vida, preparando os educandos para ela e não somente para o vestibular – concurso, competitividade, seleção. A realidade que envolve a avaliação, infelizmente persiste na classificação e, conseqüentemente, na exclusão. Essa visão do autor aparece clara na figura do professor Holland que um transmissor de conhecimentos passou a ser uma referência para seus alunos e seus colegas. O personagem reflete sobre sua real função de educador, comprometendo-se com a transformação de sua prática pedagógica e questiona a validade dos antigos métodos praticados por seus colegas. Nessa sua trajetória profissional, Mr Holland acaba por tornar-se um profissional comprometido e consciente da importância de seu papel dentro do contexto da educação.

Conclusão:

Há muitos caminhos para o desenvolvimento do ensino na atualidade, nem sempre nós educadores contribuímos para o desenvolvimento das potencialidades dos educandos.
Mr Holland, através de um verdadeiro exemplo de vida, demonstra ser possível, mesmo diante de uma realidade desfavorável de uma instituição tradicional e alunos desmotivados, desenvolver um trabalho rico e transformador. O personagem teve de enfrentar seus próprios medos, aprender a ensinar, perceber suas possibilidades como educador e desenvolver as potencialidades de seus alunos.
Através desse filme, no papel desse educador, percebemos que é possível transformar a realidade e preparar os alunos para vida, construindo um novo homem.
Angela Becker



1 comentários:

Anônimo 6:55 AM  

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